Quiltar é bom demais... Ainda mais quando a gente já não tem mais a insegurança e os receios iniciais. Mas pra isso é necessário enfrentar o bicho, que por mais que o engrandeçam, não tem sete cabeças. A gente tem que se colocar a caminho, arregaçar as mangas e começar, mesmo que com incertezas, mesmo que com medo, mesmo que devagar, fazendo tudo passo a passo. Afinal, ninguém nasce sabendo, não? Mesmo os experts no assunto começaram um dia e trilharam um caminho que é possível a quem igualmente queira trilhar e se dedique a tanto.
Não se preocupe se está certo ou errado, nem se está fazendo a técnica correta. Se todo mundo seguisse as regras, não teríamos uma variedade tão grande de técnicas, pois cada pessoa tem seu jeito de fazer, a maneira e os instrumentos aos quais melhor se adapta. O meu jeito é o melhor pra mim, mas isso não significa que o de outra pessoa é errado. O importante, afinal, é o resultado e isso só tem um único segredo que é inerente a todos que alcançam excelencia no que fazem: capricho. E o significado dessa palavra é a união do carinho com o cuidado.
Prometi que falaríamos sobre como emendar a manta, quando o trabalho for maior que a largura dela (1,50 m). Eu tenho o meu método, que consiste em "abrir" as camadas ao longo da borda nas duas partes que vou emendar. Daí corto uma dessas camadas, mas não muito (apenas 1 a 1,5 cm) por toda a extensão. Faço o mesmo com a outra parte e sobreponho as duas. O que acontece é que quando as duas estão sobrepostas ficam com a mesma espessura do restante. Aí é só fazer um alinhavo á mão e pronto.
Mas existem várias maneiras de fazer essa emenda. Há quem coloque as duas partes lado a lado e faça uma costura que pode ser á mão ou á máquina, no ponto zig-zag, que "pega" um ponto cá e outro lá. E há quem apenas sobreponha, sem maiores cuidados (essa forma é para quem vai fazer o quilting por todos os espaços da colcha e esse quilting é que se encarregará de manter tudo no lugar).
Na hora de começar efetivamente o trabalho, alguns cuidados são imprescindíveis. O primeiro é estabelecer de antemão o projeto do quilting. Se for um trabalho de iniciante, uma ótima opção é quiltar no eco, ou seja, faça o quilting a 0,75 cm das linhas de costura, ao redor das figuras dos blocos, por exemplo. Pra conseguir isso, basta fazer com que a lateral do pézinho siga as linhas de costura, da mesma forma que fazemos para costurar. Dá sempre certo e o efeito é bem legal, já que "levanta" a forma que está contornada, ressaltando-a. Fica ótimo nos trabalhos "Sampler".
É possível fazer o quilting e colocar o debrum ao redor e, depois de um tempo, voltar ao trabalho e quiltar livremete em alguns espaços ou sobre a colcha toda. Isso dará tempo pra que possa adiquirir experiencia.
Também é possível misturar quilting à mão e à máquina em um único trabalho. Eu gosto de quiltar à mão ao redor das aplicações e depois fazer o quilting livre à máquina nos espaços em torno.
O projeto do quilting é prerrogativa de quem o faz, ou seja, não há regras que determinem que se faça assim ou assado. Faz parte da criação e depende da criatividade e da vontade de seu designer (e, eu diria, do grau de experiência de seu executor).
Depois disso, prazer, puro prazer, acreditem!!
Vá bem devagar. Sem pressa de chegar à próxima esquina e sem cara feia pra virar o trabalho todo por dentro do braço da máquina e enrolar tudo outra vez. Sim, é necessário enrolar um lado do trabalho, muito bem enrolado, pacientemente, por toda extensão da colcha, para que caiba no espaço entre o braço da máquina e a base e assim possa passar por ele livremente, sem emperrar a costura.
Eu sempre digo às minhas alunas que o importante é manter aquela parte que está sendo quiltada arrumadinha. Não importa o restante. Aquele pedaço que está sobre a base da máquina precisa estar levemente esticado, e pronto para deslizar suavemente a medida que a máquina vá puxando. As mãos devem se manter abertas sobre essa parte, como que emoldurando a região e também devem ajudar a conduzir o trabalho.
A parte do trabalho que fica em nosso colo não pode estar pesada, porque dessa forma a máquina não teria força para puxá-la e isso faria com que os pontos ficassem muito pequenos. A regularidade do tamanho do ponto pode ser conseguida se o trabalho ficar sobre as pernas ou até mesmo levemente elevadas e apoiadas no peito, facilitando a condução para cima.
E a máquina pode ser colocada sobre uma mesa, no canto direito, de forma que a colcha possa ser acomodada sobre ela à medida que o trabalho vá progredindo. Se sua máquina não é do tipo portátil, afaste o móvel da parede, para que a colcha possa "cair" atrás e não atrapalhar o trabalho.
Bem... ainda há muito que dizer e na próxima falaremos mais sobre as várias formas de quilting, como o Stitch In the Ditch e sobre como riscar o trabalho e usar stênceis.
Ainda teremos tópicos sobre Hand Quilting e Free Motion Quilting e sobre ferramentas e utensilios que facilitam o trabalho de quiltar.
Beijos,
Eliana "Tia Lili" Zerbinatti