Alguns anos atrás, conversando com algumas amigas, me dei conta de que o que interessa mesmo é o resultado e não a técnica empregada (seja lá para o que quer que faça).
Eu, por exemplo, faço quilting à mão usando bastidor e em dois tempos, ou seja, com um movimento passo a agulha para trás do trabalho e depois com outro a trago para frente. Tenho mais facilidade para fazer os pontos ficarem do mesmo tamanho, assim como os espaços entre eles. Sim, é mais demorado, mas já faço assim há tanto tempo que tenho bastante destreza e velocidade, que não teria se fizesse da forma mais usada, que é aquela onde a agulha é passada várias vezes, formando vários pontinhos antes de puxar o fio.
Quando ensino o quilting à mão (Hand Quilting) sempre mostro a forma mais usada e depois a minha maneira. Penso que cada um deve escolher a forma que melhor lhe convém, aquela a qual melhor se adapte.
Ultimamente tenho notado um crescente interesse pelo quilting livre (Free Motion Quilting), e não posso deixar de pensar que isso mostra um certo "amadurecimento" das nossas quilteiras, já prontas para se aventurar em técnicas mais elaboradas e complexas (e não é só no quilting). Por isso resolvi escrever um pouco sobre o tema e acabei me empolgando. É tanta informação que terei que fazer várias divisões e subdivisões.
Comecemos por montar o sanduiche.
Existem algumas formas de quiltar um trabalho (aliás, a tradução de fazer o "quilting" é "acolchoar"). A mais tradicional, se assim se pode dizer, é aquela onde colocamos forro, manta e topo, nessa mesma sequência (topo é a parte trabalhada em uma ou várias das técnicas do patchwork).
O forro e a manta devem ser cortados pelo menos uns dois centímetros maiores que o topo, pois se houver algum deslizamento, não haverá prejuizos ao trabalho. Pré-lavar o forro é uma boa idéia e ele pode ter emendas, se isso se fizer necessário. Essa emenda pode ser normal, com uma costura no centro ou ainda formando um medalhão quadrado ou retangular no centro, com bordas ao redor. Claro que o forro também pode ser todo trabalhado, como por exemplo, todo em quadrados grandes, que fará com que a colcha tenha dupla face.
Coloque o forro sobre uma mesa (ou sobre o chão, se não tiver uma mesa grande o suficiente) com o direito para baixo (se houver). Prenda com pedaços de fita crepe a intervalos regulares, em toda a volta. Estenda, mas não estique o tecido.
Sobre o forro coloque a manta e torne a prender com a fita crepe em alguns pontos. Depois coloque o topo, centralizando e com o direito para cima.
Faça alinhavos usando uma agulha grande e não muito grossa, e linha branca ou natural (independente da cor dotrabalho). Esse alinhavo deve partir do centro para os cantos, em "X" e depois nos intervalos, formando um "+". Se o trabalho for pequeno, assim apenas será suficiente, mas se for um painel, manta ou colcha, continue alinhavando nos intervalos dos alinhavos já feitos, até ter certeza de que todas as camadas estão estabilizadas. O alinhavo não precisa ser reto nem regular, já que será retirado depois.
Use uma colher para ajudar o trabalho de alinhavar. Como tudo está "preso" à mesa ou ao chão, introduza a agulha e coloque a colher na frente dela, para que ao fazer o movimento que a trará para cima, a ponta saia sobre a colher. Isso facilitará muito todo o processo.
Existem alfinetes curvos que podem substituir o alinhavo, mas você precisa ter uma quantidade grande, uma vez que vai alfinetar todo o topo, colocando-os não muito longe uns dos outros.
E há ainda outra forma mais simples, que é usando o Adesivo Spray 305/505. Trata-se de uma cola não permanente e que deve ser aplicada na manta, primeiro em um dos lados (o que vai ficar aderido ao forro) e depois no outro, que receberá o topo em cima. Os jatos devem ser dados a trinta centímetros de distancia e não muito prolongados, a ponto de deixar a manta molhada.
Depois de fazer o quilting, corte o excesso de manta e de forro.
Essa forma de sanduiche requer que seja colocado um debrum de acabamento ao redor, depois que o quilting estiver terminado, mas para trabalhos menores, há uma outra maneira mais simples e mais rápida. Às vezes também podemos fazer o quilting sem colocar forro, como para determinadas montagens de bolsas.
Falaremos sobre isso no próximo post e também sobre a escolha entre os diversos tipos de manta e como colocar e mover um trabalho grande na máquina, mesmo que essa máquina seja caseira, comum ou antiga.
Outros tópicos: Quilting Reto (com suas diversas variantes), Quilting Livre (como começar, como treinar e desenhos específicos), Quilting à Mão (como e porque fazê-lo).
Beijos,
Eliana "Tia Lili" Zerbinatti